Publicada em 13/12/2007 às 09h56m
Fábio Mazzitelli, Diário de S.Paulo
SÃO PAULO - À vista do atirador de bolas de gude, um prédio salta aos olhos. Planejado para que os moradores tenham uma vista de 360 graus da sala de casa, totalmente revestida de vidro, o recém-concluído Edifício Panorama, obra do arquiteto Isay Weinfeld, já foi alvo de ataques em três dias diferentes. O prédio de vidro está localizado no número 66 da Rua Jacques Felix e tem unidades cujos preços variam de R$ 3,1 milhões a R$ 6,1 milhões, com vista ao Parque do Ibirapuera.
De acordo com boletim de ocorrência registrado no 15 DP (Itaim Bibi), o edifício foi atingido em 26, 28 e 30 de novembro. Duas vidraças do sétimo e último andar do prédio ficaram com marcas dos tiros parecidas àquelas deixadas por disparos de arma de fogo.
Em terreno anexo ao Edifício Panorama, que hoje serve como canteiro de obras do empreendimento, o atirador chegou a lançar bolas de gude e outros objetos pequenos na direção dos trabalhadores do local, sem acertar os alvos.
A polícia suspeita que o início dos ataques com bolas de gude na região date de 2005. Ano em que há relatos de pelo menos duas investidas, entre junho e julho. Sem muitas pistas, a polícia ainda não faz a relação direta entre os ataques. A polícia espera que mais vítimas prestem queixa para ajudar nas investigações.
Morador reclama da impunidade
O advogado João Amaral é uma das vítimas preferenciais do atirador de bola de gude: três ataques, seis vidros quebrados. Para ele, o atirador é "inconseqüente", "abusado" e não se inibe com os registros das ocorrências na delegacia. Para ele, o atirador de elite é, como ele, morador do bairro.
- Na minha opinião, ele faz isso porque tem uma sensação de impunidade. Não é porque você vive em um apartamento na Vila Nova Conceição, mora bem e anda de carro novo que está a salvo de pagar de acordo com a lei. Quero que seja um caso exemplar - afirma o advogado.
A polícia acredita que os lançamentos das bolas de vidro, todas azuis, sejam feitos por meio de um estilingue de alta precisão ou até mesmo de uma arma de pressão
.
- A força do disparo é tanta que poderia ser até mesmo uma arma daquelas de paintball (jogo em que os participantes simulam uma batalha, com balas de tinta)", diz o investigador-chefe Carlos Vidal Lopes.
Em perícia já concluída pela polícia, referente a um ataque de agosto, o resultado indicou que os disparos teriam partido de um apartamento localizado acima do 12 andar do edifício vizinho, que tem 16 andares.
- Esperamos os resultados de outras perícias para que possamos chegar a mais pistas. A investigação ainda está muito no início - afirma o delegado Giovanni Roma, do 15 DP.
Enquanto isso, as investidas do atirador continuam a tirar o sono e o sossego dos vizinhos.
- Ele (o atirador) acha que nunca vai ser preso. Vou tomar as medidas cíveis e criminais cabíveis. Tive danos materiais e morais - afirma João.
Cronologia dos ataques de bolinhas
Junho de 2005
Dois apartamentos do Edifício Morada do Parque sofreram ataques semelhantes. Bolas de gude foram encontradas na sala, junto aos estilhaços. Mas não foi feito boletim de ocorrência. Naquela época, na mesma rua, o Edifício Carla Paoli também teve oito vidraças quebradas.
17 de agosto de 2007
Houve ataques a dois apartamentos do Edifício Morada do Parque, na Rua Professor Filadelfo Azevedo, 619. O morador de uma das unidades pensou que fossem disparos de arma de fogo. Foi feito laudo técnico pela Polícia Civil. O resultado apontou que os disparos vieram de local acima do 12 andar do Edifício Courbet, vizinho ao prédio.
28 de novembro de 2007
Uma unidade do Edifício Morada do Parque foi novamente atacada. Parte da vidraça, estilhaçada, caiu em uma área comum do prédio.
29 de novembro de 2007
Ataques ao Edifício Panorama, recém-concluído, localizado na Rua Jacques Felix, número 66. O prédio, cujo projeto é assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld e prevê salas totalmente de vidro, teve duas vidraças perfuradas. O caso foi registrado por um representante da construtora na delegacia. Em outros dois dias, bolas de gude foram atiradas também no canteiro de obras do prédio, em terreno anexo, onde trabalham pedreiros e mestres-de-obra.
5 de dezembro de 2007
Disparos contra a cobertura do Edifício Morada do Parque danificaram janelas do apartamento. Foi feita nova perícia técnica pela polícia.
10 de dezembro de 2007
A Polícia ouviu um morador do Edifício Courbet, localizado no número 617 da Rua Professor Filadelfo Azevedo. É um arquiteto de cerca de 25 anos. Do apartamento em que mora com os pais, no 14 andar, ele teria vista para os três alvos atingidos nos últimos meses. O arquiteto compareceu à delegacia com o advogado e negou ligação com o caso.
11 de dezembro de 2007
A polícia abriu um inquérito criminal para investigar a denúncia da vizinhança e os ataques das bolas de gude.
fonte: http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/12/13/327580253.asp
----------------------------------
Os caras so sabem bater no jogo!! ..e nunca sai uma noticia boa sempre ter que passar a imagem negativa! ..ai um menino pede pro pai comprar um marcador, se o pai tiver lido essa noticia vai responder o que pro filho ????
