Após mais de cem horas, termina seqüestro de adolescentes...
Enviado: 17 Out 2008, 21:00
SÃO PAULO - Após mais de 100 horas, terminou de forma trágica o seqüestro das adolescentes Eloa Cristina e Naiara Rodrigues, ambas de 15 anos, em Santo André. Eloa levou dois tiros, um na cabeça e outro na virilha, e está em coma. Naiara foi baleada na boca. A polícia informou que invadiu o apartamento onde as duas amigas eram mantidas reféns por Lindemberg Alves, de 22 anos, após ouvir tiros. O seqüestrador foi preso e levado algemado numa viatura da Polícia Militar ao 6º distrito policial e depois levado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames. Ele não tinha ferimentos aparentes.
A assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes chegou a divulgar no início da noite que Eloa havia morrido. Mas, em seguida, a informação foi desmentida pela própria assessoria, já que Eloa foi reanimada. A assesoria pediu desculpas à família da jovem pelo erro. Segundo a médica Rosa Aguiar, diretora do hospital para onde elas foram levadas, o estado de saúde de Eloa é grave. Ela confirmou que um dos tiros atingiu a cabeça da adolescente e o outro a virilha esquerda.
Segundo informações do hospital, Eloa está sendo operada para a retirada de uma bala que se alojou na cabeça. A bala da virilha já foi retirada. Ela passou por uma tomografia e o neurocirurgião avaliou que havia necessidade da operação. Ela perdeu massa encefálica e corre risco de morte. A menina está em coma induzido.
De acordo com a médica, outros pacientes que estavam na emergência do hospital foram transferidos de área para que apenas as duas sejam atendidas no local. A segurança do hospital foi reforçada e dezenas de policiais cercam o local.
Após a invasão do apartamento, Naiara saiu andando, amparada por policiais. Ela foi atendida numa viatura do Samu que estava estacionada no local. Segundo a médica Rosa Aguiar, Naiara está consciente e chegou falando no hospital. A médica confirmou que ela foi baleada de raspão na boca. Ela foi levada para o centro cirúrgico.
O coronel Eduardo Félix de Oliveira, que comandou a negociação com Lindemberg Alves, afirmou que a polícia só invadiu o apartamento depois de ter ouvido um tiro. Segundo ele, o tiro foi ouvido por policiais do Gate que estavam no apartamento ao lado por volta de 18h08. A partir de então, houve uma explosão que, de acordo com o coronel, foi provocada por uma bomba de efeito moral. Segundo ele, mais três tiros foram ouvidos. Em seguida, os policiais que estavam também nos apartamentos de cima e de baixo também invadiram o apartamento.
- Foi uma ocorrência de alto risco - disse o coronel.
Ao entrar no apartamento, Naiara estava na sala e Eloá Cristina foi encontrada na cozinha, ferida com tiros na cabeça e na virilha. Lindemberg estava entre a sala e a cozinha. Lindemberg Alves não se feriu e relutou em sair do apartamento. Os policiais do Gate tiveram de dominá-lo. O coronel Eduardo José Félix disse que a arma dele, um revólver calibre 32, tinha cinco cartuchos deflagrados.
Segundo o coronel, os policiais não portavam armas letais. Eles tinham balas de borracha.
- Temos todos os registros, tudo gravado. O Gate é extremamente sério e responsável por preservar a vida - disse o coronel.
Durante as 100 horas em que manteve Eloá Cristina Pimentel Silva refém, Lindemberg Alves, 22 anos, foi extremamente agressivo com a ex-namorada e chegou a bater nela várias vezes. O coronel Eduardo Felix afirmou que ele apresentou comportamento ciclotímico nas conversas com a polícia, alternando agressividade e momentos em que se fazia passar por compreensivo.
- As vezes ele se fazia de coitadinho, de pessoa sofrida. Outras foi agressivo, outras se mostrava compreensivo - afirmou o coronel.
Apesar disso, a polícia autorizou a volta de Naiara para o cativeiro para tentar convencer Lindemberg a liberar a amiga.
O coronel Eduardo José Félix afirmou que, mesmo depois de ter recebido das mãos do Ministério Público um documento que garantia sua integridade física, Lindemberg Alves se manteve irredutível em não libertar Eloá Cristina Pimentel Silva e Naiara Vieira. Segundo ele, apesar de ele ter dito que libertaria as duas, a equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) que estava no apartamento vizinho ouviu o rapaz dizer que não soltaria as adolescentes.
Documento garantia integridade física de seqüestrador
O seqüestro parecia se encaminhar para um final pacífico. Nesta tarde, o promotor de Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini levou ao apartamento um documento formal da Procuradoria Geral do Estado que assegurava a Alves sua integridade física após libertar as adolescentes.
Rossini e o advogado contratado pela família de Alves, Eduardo Lopes, conversaram com as reféns pela janela e mostraram ao seqüestrador o documento. Uma corda improvisada com lençóis foi lançada pela janela e o documento teria sido içado ao apartamento. O próprio advogado disse que o caso se encaminhava para um final tranqüilo.
O promotor chegou por volta das 14h ao conjunto habitacional do Jardim Santo André, em Santo André, na Grande São Paulo. O promotor afirmou na chegada que foi ao local a pedido do procurador-geral do estado, Fernando Grella Vieira, para ajudar nas negociações. Segundo Rossini, o objetivo dele era dar ao seqüestrador, Lindemberg Fernandes Alves, confiança.
Segundo o advogado, o documento com garantia de integridade física era um pedido de Alves e "não uma exigência".
Adolescente voltou para cativeiro sem autorização
A adolescente Naiara Vieira, de 15 anos, voltou ao apartamento onde foi mantida refém sem autorização do pai e da mãe. O advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) afirmou em entrevista à GloboNews TV que a mãe da adolescente também não autorizou o retorno da filha.
Naiara retornou ao apartamento na manhã de quinta e não saiu mais. A polícia afirmou que a presença dela foi uma exigência de Lindemberg Alves. Segundo a PM, assessoria de Naiara era "parte da estratégia de negociação".
Alves afirmou que conversou com a mãe da menina. Ela teria dito a ele que a polícia conversou com a adolescente, mas ficou combinado que Naiara acompanharia a negociação, mas ficaria na escola usada como central pela polícia.
O pai da menina já havia manifestado indignação nesta quinta. Ele ficou surpreso com a volta da filha ao apartamento e disse que também não foi ouvido pela polícia. "Foi o maior trabalho para libertá-la e agora ela volta para o apartamento. Acho que eles não estão preocupados com a vida dela", desabafou Luciano Vieira da Silva. Nesta quinta, a mãe da menina Andrea Rodrigues Araujo, disse que não pode falar com a imprensa a pedido da PM.
Ariel de Castro Alves disse que a polícia cometeu uma ilegalidade e que, mesmo que os pais da adolescente tivessem permitido a volta dela ao apartamento - onde havia permanecido refém por 33 horas, até a noite de terça -, a polícia não poderia ter permitido que isso ocorresse. Segundo ele, a vida da adolescente foi colocada em risco e o acesso ao local é controlado pela própria polícia.
- A mãe afirma que conversou com a polícia, mas ela (Naiara) ficaria na escola, não que voltasse ao apartamento. Na prática, ela está refém, desde a manhã de ontem ela não saiu - disse ele
Nesta sexta, não há informação se algum contato foi feito com Lindemberg e ninguém apareceu na janela do apartamento onde estão as duas jovens.
Para Alves, a situação agora foge ao controle de qualquer autoridade. Para ele, a atuação da polícia paulista em casos deste tipo deve ser reconhecida, mas neste caso houve erro.
- Houve grave erro e uma ilegalidade, pois se trata de uma adolescente. Mesmo se ela quisesse e se os pais autorizassem a volta ao apartamento, isso não poderia acontecer. Se a polícia mandasse pedido à Vara da Infância e Adolescência, não seria autorizado - afirma.
Alves vai pedir que os pais de Naiara sejam ouvidos pela Vara da Infância e Adolescência e informou que já pediu apuração à Ouvidoria da Polícia
- É preciso saber de quem é a responsabilidade. Faltou melhor análise da situação.
Lindemberg Fernandes Alves seqüestrou a ex-namorada, Eloá Cristina, por ciúme. Ele rompeu o namoro e quis reatar. Ela não aceitou. A família contratou um advogado para garantir a integridade física do rapaz na hora em que ele se render. O advogado Eduardo Lopes disse que Naiara voltou ao apartamento certa de que nada lhe aconteceria e "de livre e espontânea" vontade.
Na quinta, a PM afirmou que a volta da adolescente foi uma exigência do rapaz para libertar Eloá, mas ele descumpriu o trato.
Representantes do Conselho Tutelar e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) estiveram à noite no conjunto residencial e saíram sem respostas. De acordo com os conselheiros, a atitude da Polícia Militar fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O governador José Serra diz que acompanha 'atentamente o caso' e 'confia totalmente no trabalho da Polícia Militar'. Para Serra, a PM tem feito um bom trabalho e 'tudo vai acabar bem'. Na quinta, o governador havia dito que a polícia age com cautela para evitar que haja feridos.
- O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe submeter crianças e adolescentes a situações de risco, violência e opressão - explicou Alves.
Não houve avanços nesta madrugada nas negociações entre Lindemberg e a Polícia Militar. Desde que retornou ao apartamento, Naiara apareceu uma vez na janela para pedir calma aos policiais.
O coronel Eduardo José Felix, comandante da Tropa de Choque, afirmou na manhã de quinta aos jornalistas que a volta de Naiara era parte da negociação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o seqüestrador. Durante a tarde ele não foi mais localizado para comentar a negociação: ele havia retornado a São Paulo devido ao confronto entre os policiais civis grevistas e a PM.
Situação complicou, diz especialista
O especialista em segurança e coronel da reserva da Polícia Militar José Vicente Filho criticou a decisão da Polícia Militar em levar a adolescente Naiara de volta ao apartamento.
- Quando você sujeita uma pessoa, que não é uma pessoa treinada, a participar da negociação você cria condições muitas vezes de ela vir a ser também um novo refém. Isso complica terrivelmente a situação da polícia, que agora tem de ter o dobro de preocupações, com o dobro de vidas envolvidas. A gente mede o erro da decisão com as conseqüências que ela acarreta. A conseqüência era previsível e foi o que aconteceu - afirmou.
Este já é o mais longo caso de refém registrado no estado.
Naiara havia ficado refém por 33 horas e foi libertada em troca de a polícia ligar novamente a energia elétrica do prédio, que havia sido cortada. Na quarta, ela prestou depoimento à polícia por mais de cinco horas.
Ao ser solta, na noite de terça, Naiara contou que Eloa apanhou e que as duas ficaram amarradas durante boa parte do tempo. Segundo ela, Eloa foi agredida com chutes, socos e puxões de cabelo.
Um dos adolescentes mantidos reféns por Lindemberg disse ao SPTV que o rapaz fez várias ameaças à Eloa quando invadiu o apartamento. Chegou a dizer que o amor dos dois era para ser para sempre e se o namoro não continuasse ela não ficaria com mais ninguém.
Lindemberg chegou a dar entrevistas por celular. Ao falar à TV Globo, culpou a adolescente pela situação . Disse estar com duas armas e uma sacola de munição e reclamou que a menina é "egoísta, só pensa nela" porque não lhe deu atenção quando quis conversar sobre o fim do namoro, na tentativa de reatar.
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O trágico desfecho deste caso reflete o despreparo e a falta de competência técnica da polícia para agir nesses casos.
Não sabem negociar, não conseguem resolver de maneira eficaz. Nem em SP, nem no RJ e acredito que na maioria dos estados.
A garota não poderia ter voltado nem sob exigência do sequestrador, pois se ele decidisse matar alguém, seria só um refém. Com ela retornando ele ficou com duas opções.
Se colocar a PM paulista e a carioca juntas para tomar conta de duas tartarugas uma foge !!!
A sociedade que paga.... Foda!
A assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes chegou a divulgar no início da noite que Eloa havia morrido. Mas, em seguida, a informação foi desmentida pela própria assessoria, já que Eloa foi reanimada. A assesoria pediu desculpas à família da jovem pelo erro. Segundo a médica Rosa Aguiar, diretora do hospital para onde elas foram levadas, o estado de saúde de Eloa é grave. Ela confirmou que um dos tiros atingiu a cabeça da adolescente e o outro a virilha esquerda.
Segundo informações do hospital, Eloa está sendo operada para a retirada de uma bala que se alojou na cabeça. A bala da virilha já foi retirada. Ela passou por uma tomografia e o neurocirurgião avaliou que havia necessidade da operação. Ela perdeu massa encefálica e corre risco de morte. A menina está em coma induzido.
De acordo com a médica, outros pacientes que estavam na emergência do hospital foram transferidos de área para que apenas as duas sejam atendidas no local. A segurança do hospital foi reforçada e dezenas de policiais cercam o local.
Após a invasão do apartamento, Naiara saiu andando, amparada por policiais. Ela foi atendida numa viatura do Samu que estava estacionada no local. Segundo a médica Rosa Aguiar, Naiara está consciente e chegou falando no hospital. A médica confirmou que ela foi baleada de raspão na boca. Ela foi levada para o centro cirúrgico.
O coronel Eduardo Félix de Oliveira, que comandou a negociação com Lindemberg Alves, afirmou que a polícia só invadiu o apartamento depois de ter ouvido um tiro. Segundo ele, o tiro foi ouvido por policiais do Gate que estavam no apartamento ao lado por volta de 18h08. A partir de então, houve uma explosão que, de acordo com o coronel, foi provocada por uma bomba de efeito moral. Segundo ele, mais três tiros foram ouvidos. Em seguida, os policiais que estavam também nos apartamentos de cima e de baixo também invadiram o apartamento.
- Foi uma ocorrência de alto risco - disse o coronel.
Ao entrar no apartamento, Naiara estava na sala e Eloá Cristina foi encontrada na cozinha, ferida com tiros na cabeça e na virilha. Lindemberg estava entre a sala e a cozinha. Lindemberg Alves não se feriu e relutou em sair do apartamento. Os policiais do Gate tiveram de dominá-lo. O coronel Eduardo José Félix disse que a arma dele, um revólver calibre 32, tinha cinco cartuchos deflagrados.
Segundo o coronel, os policiais não portavam armas letais. Eles tinham balas de borracha.
- Temos todos os registros, tudo gravado. O Gate é extremamente sério e responsável por preservar a vida - disse o coronel.
Durante as 100 horas em que manteve Eloá Cristina Pimentel Silva refém, Lindemberg Alves, 22 anos, foi extremamente agressivo com a ex-namorada e chegou a bater nela várias vezes. O coronel Eduardo Felix afirmou que ele apresentou comportamento ciclotímico nas conversas com a polícia, alternando agressividade e momentos em que se fazia passar por compreensivo.
- As vezes ele se fazia de coitadinho, de pessoa sofrida. Outras foi agressivo, outras se mostrava compreensivo - afirmou o coronel.
Apesar disso, a polícia autorizou a volta de Naiara para o cativeiro para tentar convencer Lindemberg a liberar a amiga.
O coronel Eduardo José Félix afirmou que, mesmo depois de ter recebido das mãos do Ministério Público um documento que garantia sua integridade física, Lindemberg Alves se manteve irredutível em não libertar Eloá Cristina Pimentel Silva e Naiara Vieira. Segundo ele, apesar de ele ter dito que libertaria as duas, a equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) que estava no apartamento vizinho ouviu o rapaz dizer que não soltaria as adolescentes.
Documento garantia integridade física de seqüestrador
O seqüestro parecia se encaminhar para um final pacífico. Nesta tarde, o promotor de Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini levou ao apartamento um documento formal da Procuradoria Geral do Estado que assegurava a Alves sua integridade física após libertar as adolescentes.
Rossini e o advogado contratado pela família de Alves, Eduardo Lopes, conversaram com as reféns pela janela e mostraram ao seqüestrador o documento. Uma corda improvisada com lençóis foi lançada pela janela e o documento teria sido içado ao apartamento. O próprio advogado disse que o caso se encaminhava para um final tranqüilo.
O promotor chegou por volta das 14h ao conjunto habitacional do Jardim Santo André, em Santo André, na Grande São Paulo. O promotor afirmou na chegada que foi ao local a pedido do procurador-geral do estado, Fernando Grella Vieira, para ajudar nas negociações. Segundo Rossini, o objetivo dele era dar ao seqüestrador, Lindemberg Fernandes Alves, confiança.
Segundo o advogado, o documento com garantia de integridade física era um pedido de Alves e "não uma exigência".
Adolescente voltou para cativeiro sem autorização
A adolescente Naiara Vieira, de 15 anos, voltou ao apartamento onde foi mantida refém sem autorização do pai e da mãe. O advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) afirmou em entrevista à GloboNews TV que a mãe da adolescente também não autorizou o retorno da filha.
Naiara retornou ao apartamento na manhã de quinta e não saiu mais. A polícia afirmou que a presença dela foi uma exigência de Lindemberg Alves. Segundo a PM, assessoria de Naiara era "parte da estratégia de negociação".
Alves afirmou que conversou com a mãe da menina. Ela teria dito a ele que a polícia conversou com a adolescente, mas ficou combinado que Naiara acompanharia a negociação, mas ficaria na escola usada como central pela polícia.
O pai da menina já havia manifestado indignação nesta quinta. Ele ficou surpreso com a volta da filha ao apartamento e disse que também não foi ouvido pela polícia. "Foi o maior trabalho para libertá-la e agora ela volta para o apartamento. Acho que eles não estão preocupados com a vida dela", desabafou Luciano Vieira da Silva. Nesta quinta, a mãe da menina Andrea Rodrigues Araujo, disse que não pode falar com a imprensa a pedido da PM.
Ariel de Castro Alves disse que a polícia cometeu uma ilegalidade e que, mesmo que os pais da adolescente tivessem permitido a volta dela ao apartamento - onde havia permanecido refém por 33 horas, até a noite de terça -, a polícia não poderia ter permitido que isso ocorresse. Segundo ele, a vida da adolescente foi colocada em risco e o acesso ao local é controlado pela própria polícia.
- A mãe afirma que conversou com a polícia, mas ela (Naiara) ficaria na escola, não que voltasse ao apartamento. Na prática, ela está refém, desde a manhã de ontem ela não saiu - disse ele
Nesta sexta, não há informação se algum contato foi feito com Lindemberg e ninguém apareceu na janela do apartamento onde estão as duas jovens.
Para Alves, a situação agora foge ao controle de qualquer autoridade. Para ele, a atuação da polícia paulista em casos deste tipo deve ser reconhecida, mas neste caso houve erro.
- Houve grave erro e uma ilegalidade, pois se trata de uma adolescente. Mesmo se ela quisesse e se os pais autorizassem a volta ao apartamento, isso não poderia acontecer. Se a polícia mandasse pedido à Vara da Infância e Adolescência, não seria autorizado - afirma.
Alves vai pedir que os pais de Naiara sejam ouvidos pela Vara da Infância e Adolescência e informou que já pediu apuração à Ouvidoria da Polícia
- É preciso saber de quem é a responsabilidade. Faltou melhor análise da situação.
Lindemberg Fernandes Alves seqüestrou a ex-namorada, Eloá Cristina, por ciúme. Ele rompeu o namoro e quis reatar. Ela não aceitou. A família contratou um advogado para garantir a integridade física do rapaz na hora em que ele se render. O advogado Eduardo Lopes disse que Naiara voltou ao apartamento certa de que nada lhe aconteceria e "de livre e espontânea" vontade.
Na quinta, a PM afirmou que a volta da adolescente foi uma exigência do rapaz para libertar Eloá, mas ele descumpriu o trato.
Representantes do Conselho Tutelar e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) estiveram à noite no conjunto residencial e saíram sem respostas. De acordo com os conselheiros, a atitude da Polícia Militar fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O governador José Serra diz que acompanha 'atentamente o caso' e 'confia totalmente no trabalho da Polícia Militar'. Para Serra, a PM tem feito um bom trabalho e 'tudo vai acabar bem'. Na quinta, o governador havia dito que a polícia age com cautela para evitar que haja feridos.
- O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe submeter crianças e adolescentes a situações de risco, violência e opressão - explicou Alves.
Não houve avanços nesta madrugada nas negociações entre Lindemberg e a Polícia Militar. Desde que retornou ao apartamento, Naiara apareceu uma vez na janela para pedir calma aos policiais.
O coronel Eduardo José Felix, comandante da Tropa de Choque, afirmou na manhã de quinta aos jornalistas que a volta de Naiara era parte da negociação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o seqüestrador. Durante a tarde ele não foi mais localizado para comentar a negociação: ele havia retornado a São Paulo devido ao confronto entre os policiais civis grevistas e a PM.
Situação complicou, diz especialista
O especialista em segurança e coronel da reserva da Polícia Militar José Vicente Filho criticou a decisão da Polícia Militar em levar a adolescente Naiara de volta ao apartamento.
- Quando você sujeita uma pessoa, que não é uma pessoa treinada, a participar da negociação você cria condições muitas vezes de ela vir a ser também um novo refém. Isso complica terrivelmente a situação da polícia, que agora tem de ter o dobro de preocupações, com o dobro de vidas envolvidas. A gente mede o erro da decisão com as conseqüências que ela acarreta. A conseqüência era previsível e foi o que aconteceu - afirmou.
Este já é o mais longo caso de refém registrado no estado.
Naiara havia ficado refém por 33 horas e foi libertada em troca de a polícia ligar novamente a energia elétrica do prédio, que havia sido cortada. Na quarta, ela prestou depoimento à polícia por mais de cinco horas.
Ao ser solta, na noite de terça, Naiara contou que Eloa apanhou e que as duas ficaram amarradas durante boa parte do tempo. Segundo ela, Eloa foi agredida com chutes, socos e puxões de cabelo.
Um dos adolescentes mantidos reféns por Lindemberg disse ao SPTV que o rapaz fez várias ameaças à Eloa quando invadiu o apartamento. Chegou a dizer que o amor dos dois era para ser para sempre e se o namoro não continuasse ela não ficaria com mais ninguém.
Lindemberg chegou a dar entrevistas por celular. Ao falar à TV Globo, culpou a adolescente pela situação . Disse estar com duas armas e uma sacola de munição e reclamou que a menina é "egoísta, só pensa nela" porque não lhe deu atenção quando quis conversar sobre o fim do namoro, na tentativa de reatar.
________________________________________________________________________________________________________
O trágico desfecho deste caso reflete o despreparo e a falta de competência técnica da polícia para agir nesses casos.
Não sabem negociar, não conseguem resolver de maneira eficaz. Nem em SP, nem no RJ e acredito que na maioria dos estados.
A garota não poderia ter voltado nem sob exigência do sequestrador, pois se ele decidisse matar alguém, seria só um refém. Com ela retornando ele ficou com duas opções.
Se colocar a PM paulista e a carioca juntas para tomar conta de duas tartarugas uma foge !!!
A sociedade que paga.... Foda!