Bom, vamos ao que interessa:
A OPSGEAR comercializa a alguns anos no mercado o Kit de modificação para Heckler & Koch G36C para engate nos marcadores Tippmann A5. Espero que o review sirva para esclarecer duvidas acerca do kit, e principalmente, para nós aficionados conhece-lo um pouco mais. Entre os demais kits HK G36 a Opsgear também comercializa a carcaça do G36K que possui uma estrutura mais esbelta e na parte posterior o picatinny lembra bastante um carry handle.
A estruturas do review está subdividida em duas partes, a primeira procura esclarecer em termos históricos (como, de que forma, e para quem) foi desenvolvido o fuzil original; a segunda parte é o review do kit propriamente dito.
1- A lenda do Fuzil HK G36
O PROJETO
O fuzil de assalto HK G36 nasceu na década de 1990 quando a Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) encomendou ao fabricante de armas Heckler & Koch um novo sistema para substituir os míticos e veteranos HK G3 (originário do fuzil CETME espanhol), até então fuzil das Forças Armadas da Alemanha desde a década de 1950. Este sistema foi produzido após dois projetos anteriores de Heckler & Koch, o revolucionário Heckler & Koch G11 e o mais convencional Heckler & Koch G41, ambos recusados na década de 1980.
No lugar de começar um desenho totalmente novo, os engenheiros de Heckler & Koch, dirigidos pelo jovem Ernst Mauch, criaram o protótipo HK50 (o qual posteriormente foi nomeado G36). Para seu novo HK50 (ou projecto 50), a companhia utilizou-se de uma variedade de desenhos mais antigos e agregou algumas inovações aos desenhos das conhecidas HK 36, HK VP70, e HK G11.
O sistema de disparo da G36 é similar ao Armalite AR-18, o qual utiliza um sistema de recarga automática com pistão acionado por gás de movimento curto e 'perno' rotativo Johnson/Stoner. Enquanto o AR-18 utilizou um pistão convencional e barras de guia duais, o G36 utiliza um pistão com os anéis do gás similares ao fuzil M16 e somente uma barra de guia.
O fuzil dispara o cartucho padrão OTAN 5.56 x 45 mm NATO Alemão a uma velocidade máxima de 750 disparos por minuto, pode disparar também em modo semi-automático ou em rajadas, para o qual conta com um seletor sobre o gatilho. O mecanismo de disparo é operado por gás com um sistema rotativo, em vez do antiquado sistema usado no HK G3. Este rifle usa um sistema de gás de pistão de curto percurso, que mantém limpo o conjunto de mecanismos muitas vezes livrando-o de engasgos, fazendo com que o fuzil seja capaz de disparar dezenas de milhares de balas sem a necessidade de limpeza. Isto é um contraste com o complicado M16, que causava muitas falhas em seus primeiros anos e ainda requer uma limpeza meticulosa para que funcione de forma confiável.
VERSÕES
A Heckler & Koch foi contratada para desenvolver o fuzil para o Exercito Alemão e para exportação. O fuzil de 5.56mm foi adotado em 1995 pelo Bundeswehr, e em 1999 a Espanha adotou uma versão levemente diferente do fuzil, a versão de exportação G36E, que mais parece um rifle de infantaria. O G36 também passou a ser utilizado por varias agencias policiais ao redor do mundo, incluindo a policia Inglesa e alguns departamentos de policia norte-americanos. Em pesquisas, as reclamações em relação ao fuzil são muito poucas, enquanto que a lista de opiniões positivas é extensa. De fato, as reclamações que aparecem mais frequentemente são a do forte coice da arma quando utilizada em modo automático; também existe uma reclamação de um pequeno deslocamento do eixo 'x' proveniente da luneta que acompanha a versão G36KE norte-americana; outra observação relacionada ao modelo Alemão é a dificuldade de visão através da mira ótica dupla em casos de neve ou chuva. Entretanto, o G36 é um bom rifle, preciso, simples para operar, ajustável, de fácil manutenção, e está disponível em diversas versões - desde a de cano curto Commando G36C, o qual alguns o referenciam como uma submetralhadora, ao grande rifle G36.
Alem disso, o G36 foi utilizado de forma bastante modificada como base 'espiritual' para o US XM-29 OICW, e também serviu como base para o rifle de assalto XM8 (ambos projetos cancelados posteriormente).
Foto dos dois modelos, abaixo o G36C
DESCRIÇÃO TÉCNICA
Do ponto de vista técnico, o G36 foi projetado com base nos demais rifles da HK, baseados no aprovado 'roller-delayed system' do G3. O G36 é operado a gás, composto por modernos materiais e se utilizando de modernas tecnologias.
Sua essência e suas partes externas são compostas por polímeros reforçados, mesclados com ferro onde se mostra necessário. O sistema operacional, como dito anteriormente, guarda semelhanças com a do rifle norte-americano Armalite AR-18, com um curto pistão de gás, localizado atrás do cano. A janela de ejeção das capsulas é localizada do lado direito do 'receiver' e tem a finalidade de ejeta-las sem afetar a mão esquerda ou face do operador. Em grande parte o rifle pode ser montado e desmontado facilmente, pois ele possui pinos cruzados, o que possibilita o desmonte sem necessidade de ferramenta alguma.
A unidade de gatilho HK padrão é confeccionada em plástico denso, integrada com o grip e com o protetor de gatilho. Graças a esse fator, uma grande variedade de modos de disparo podem ser utilizadas no fuzil, simplesmente instalando a unidade de gatilho apropriada. Entre as opções mais utilizadas estão: tiro único, totalmente automático, e burst de 2 ou 3 tiros editáveis em combinações desejaveis. A versão 'standard' possui tiro único+burst de 2+automático, e o seletor de tiro projetado para ambidestros também tem a finalidade de travamento da arma.
O G36 é alimentado por magazines de 30 rounds, construíveis com plásticos translúcidos, todos os magazines possuem fixação lateral para demais magazines, sendo assim, dois ou três magazines podem ser anexados para uma troca rápida. Alem disso, o 'receiver' de magazines do G36 é composto por partes separadas, o que a permite acoplar magazines de interfaces distintas. O gancho do magazine é localizado logo atrás do magazine, no estilo de encaixe do G3 e AK-47, mas também pode-se clipar o magazine pela lateral, no estilo do M16. Existe também um magazine de 100-rounds Beta-C dual, de origem norte-americana, que também pode ser utilizada (esse magazine é padrão para a versão automática MG36). O folder-stock esqueleto (que pode ser recolhido para a lateral direita do operador) é padrão em todas as versões do fuzil.
O sistema de mira padrão do G36 possui dois scopes: o primeiro é composto por mira telescópica com 3.5X; enquanto que o segundo é composto por red-dot 1X. As miras são completamente independentes e adequam-se a necessidade do operador: tiro a longa distancia ou; aquisição de alvos rápidos a curtas distâncias. As duas miras estão fixadas no 'carry handle'. No entanto, as versões de exportação do G36 possuem somente a mira telescópica de 1.5X, e acompanham a mira aberta (massa e mira) fixadas na 'carry handle' para situações de emergência. As versões sub-compactas G36K e G36C Commando possuem trilho picatinny integral para mira telescópica ou red-dot e possuem mira aberta, ao invés do 'carry handle'.
O fuzil G36 padrão, alem disso, pode receber o lançador de granadas HK AG36 40mm abaixo do cano, e também possui espaço para baioneta (mesmo tipo da baioneta da AK-74).
SITUAÇÃO ATUAL
Está sendo cotado para substituir este fuzil no Deutches Heer, o moderníssimo fuzil de assalto da Heckler & Koch, o H&K 416, em calibre 5.56x45mm NATO, ou .223 Remington , e o H&K 417, em calibre 7.62x51mm NATO, ou .308 Winchester.
2-O Kit OPSGEAR
VISUAL
O Kit OPSGEAR G36C 'Commando' é versátil e prestativo como pede a natureza da versão do fuzil ao qual se replica, e seu visual é terrivelmente agressivo, pois o picatinny superior segue solto da carcaça central simulando um fino carry handle que possui no topo a prática e imponente massa e mira superior. A parte frontal da carcaça acaba com um leve angulo que passa uma impressão de arma com design recente, se não, de acordo com alguns comentários, relativamente futurista (o que fez com que ela fosse usada em diversos filmes que possuem exércitos de futuros próximos (o ultimo que eu vi que aparece o G36 é o G.I. Joe). A carcaça não é o único item que precede sua fama de agressiva, a versão Commando possui um cano de 12'' com o acabamento denteado característico do G36 que tem uma aparência bastante intimidadora. Alem disso, o magazine é de acrílico de nele é possível visualizar os projeteis, que são fielmente replicados na versão da Opsgear, a proporção avantajada do magazine também contribui para o visual, bem como os engates laterais para outros magazines simulando o Real Action. O folder stock vazado também é bastante intuitivo e leve, e quando girado fechado, a A5 pode ser manejada com extrema facilidade.
Foto dos kit fechado e seus componentes: Shroud (carcaça), massa e mira, stock, magazine, cano.
A CARCAÇA
O shroud, carenagem, ou carcaça (como vulgarmente chamada) é de alumínio e possivelmente pintada com tinta automotiva na cor preto fosco, ela possui picatinny superior em toda a extensão, e na parte frontal possui picatinnys laterais e inferior. Como dito anteriormente, ela possui uma parte vazada superior simulando um fino carry handle em toda a extensão da marcadora que eleva a estação de massa e mira a uma altura que possibilita o uso de stock e mascara sem atrapalhar um ao outro (o que ocorre se o marcador não possuir elevação de mira) com fácil acesso a massa e mira ou red-dot, ou luneta, e fica bem mais fácil fixar a mira para marcar o oponente. A massa e mira da Opsgear, inclusive, são muito boas, de fato, não sinto necessidade de red-dot pois a mira proporciona uma ótima visada. Em relação ao loader existe um porem, como o shroud eleva-se muito, não é possível engatar o loader padrão diretamente no cyclone, sendo necessário utilizar um offset ou expansor tático.
A pegada é bastante confortável e não é necessário handgrip frontal. Logo após o magazine encontra-se um trecho do corpo do shroud que não possui picatinny, nele uma pessoa com uma mão de tamanho normal pode posiciona-la na horizontal tranquilamente sem cansar muito, enquanto que, devido ao picatinny inferior ser a frente desse espaço um handgrip deixaria o proprietário da arma numa posição não muito confortável, com os braços muito abertos.
A instalação do shroud que é complicada, ela é feita através de sete parafusos sextavados, o problema é que, (pelo menos no meu caso) os parafusos vieram muito apertados de fabrica e remoeu algumas chaves sextavadas antes de girarem. Quando retirados os parafusos desmontam a carcaça em três partes (superior, lateral esquerda e lateral direita), após esse desmanche, segue-se a instalação da parte superior primeiro, ela se encaixa no pino posterior original da A5 e no parafuso da front sight original, posteriormente são adicionadas as laterais, que cobrem o pino e parafuso da A5. Na realidade, depois de 2 horas tentando instalar, refleti e cheguei numa solução que pelo menos para mim foi melhor: comprei uma broca de metal de um diâmetro confortável, e fiz dois furos nas laterais do shroud no eixo de acesso ao parafuso e pino da A5, então, o shroud pode ser desmontado diretamente, sem ser necessário dividir as três partes da carcaça.
Em relação a limpeza, o nível de acabamento externo é muito bom e fácil de limpar, no entanto, o acabamento interno possui, em alguns trechos, a pintura bruta e áspera, o que dificulta a limpeza principalmente quando marcado com tinta próximo a áreas abertas do shroud. Utilizando toalha de papel e agua levemente morna é possível fazer a limpeza tranquilamente, porem, a limpeza do picatinny e das quinas vivas não é das mais fáceis, é necessário utilizar cotonete para acessar áreas atingidas que a mão não tem acesso para retirar pedaços do shell das bolinhas. Por si só é um demérito, no entanto, temos que ter em mente que é uma replica fiel, e que o modelo original não foi projetado para levar tiros de tinta, obviamente.
O MAGAZINE
O magazine é cópia fiel do modelo comercializado em acrílico, que deixa as balas a mostra. Devido as replicas das balas estarem a mostra, ele não possui caixa de ferramentas nem espaço para tubos de expansão embutidos, sendo assim, sua finalidade é totalmente estética. Para os mais espartanos, isso pode parecer estranho, pela adição de peso e área de exposição da arma, no entanto, para quem curte Real Action, ele é ótimo. A instalação é efetuada a partir de um engate metálico que é fixado por meio de parafuso na porca do handgrip original da A5. O magazine então, encaixa na fêmea do engate metálico e sua fixação é reforçada por dois parafusos.
Para mim que curto RA, o magazine original do fuzil é de 30 rounds, eu utilizo então um offset de loader que carregado como um todo atira exatamente 30 bolinhas, para manter o ritmo de recarga da arma replicada. O magazine possui, ainda, em suas laterais uma fixação para demais magazines, replicando o original, sendo possível acoplar mais dois cartuchos nele mesmo, um de cada lado.
O único demérito do magazine é em relação ao acabamento do encaixe frontal, semana passada levei um tiro de frente bem no magazine, e respingou tinta para dentro do magazine melando as balas, nesse caso, é necessário desmontar o magazine por meio de dois parafusos e limpar. Para sanar esse problema, colei uma fita adesiva translucida na parte frontal, vedando assim, o acesso a parte interna.
O CANO
O cano Opsgear é de 12'' e atira muito bem, pelo fator de não possuir espirais sua limpeza é fácil e ele desliza muito bem (como a maioria dos canos opsgear). Para uso em CQB é muito bom devido ao seu tamanho. Para tiros a aproximadamente 25 metros de distancia ele atinge uma área de diâmetro aproximado de 40 a 50cm quando feitos repetidos tiros. Outra característica boa é a impressão de agressividade que ele passa com seu acabamento em forma de garfo, e principalmente com o estrondo do tiro, que é alto e amedronta até os mais experientes.
O STOCK
O stock é cópia fiel do original, excepto por uma leve reentrância circular no final do stock, que tem a finalidade de encaixar-se no tubo lateral do Cyclone Feed System. É possível apoiar bem a marcadora no ombro, e mirar muito bem mesmo com as grandes, rígidas e desajeitadas mascaras JT mais antigas. Outro ponto muito positivo é que o folder permite transformar o fuzil numa 'machinegun' facilmente, quando retraído para o lado direito a G36 se recolhe para o corpo e fica com um ótimo equilíbrio de peso, tornando-se muito ágil em CQB, eu mesmo a utilizo facilmente em até em speed.
O stock é vazado e leve, pelo vazado é possível acessar o engate de bolinhas do cyclone facilmente, no entanto, o acesso a trava de segurança fica levemente comprometida. Para se estender o stock é fácil devido a rampa de encaixe, no entanto, para fechar o stock, é necessário forçar o folder para cima e coloca-lo novamente na rampa de encaixe, o que é um pouco penoso (não sei se é em relação a mola do meu, que ainda está amaciando, ou se ele se comportará assim durante toda sua vida).
A bandoleira que utilizo é a de 1 ponto, fixada na parte frontal do stock, que possui um gancho quadrangular, sendo assim, ela fica fácil de usar com o estoque aberto ou fechado. No entanto, em pesquisas de A5 G36 pela net, a grande maioria das pessoas utilizam bandoleiras de três pontos.
Vista do marcador com o estoque retraido
Vista do marcador com stock retraido do lado do cyclone
Vista do marcador com o stock aberto
LISTA DOS PRÓS:
-Visual geral muito agressivo; boa pegada sem necessitar de handgrip; altura da massa e mira original; design da massa e mira; trilhos picatinny bem localizados (laterais e abaixo); Stock folder muito prático; Fácil retirada do magazine; Cano tem boa precisão.
LISTA DOS CONTRAS:
-Instalação inicial complicada; Peso; Limpeza; Qualidade da rosca dos parafusos menores; retração do folder stock; Acabamento interno áspero em algumas partes.
Bom, em conclusão, acho o kit muito bom, realmente vale a pena adquirir para quem pretende jogar cenário, apesar de que imagino que sua importação seja menor do que as UMPs mais tradicionais, sendo assim, é mais difícil encontrar no Brasil. A pegada é boa, a adrenalina que ela proporciona é ótima, e apesar de alguns criticarem o seu peso (aproximadamente 1kg), na hora do jogo você esquece totalmente o peso extra, e, alem disso, o A5 se transforma num marcador de invasão tática e infantaria, não num marcador leve que você pode pôr nas costas e rastejar durante 5 minutos para um ponto critico de tiro no estilo sniper.
Obrigado pela leitura, espero que tenham gostado e estou aberto a possíveis sugestões e correções.
FONTES:
pt.wikipedia.org/wiki/Heckler_%26_Koch_G36
world.guns.ru/assault/as14-e.htm
pt.wikilingue.com/es/Heckler_%26_Koch_G36
PS: EM BREVE POSTAREI FOTO DO MANUAL DE MONTAGEM
